quarta-feira, 17 de novembro de 2010

HOMENAGEM AOS BRAVOS POLICIAIS FEDERAIS MORTOS EM COMBATE AO CRIME NO AMAZONAS


17 de Novembro de 2010

Com pesar registramos nesta data a morte de dois valorosos guerreiros da Polícia Federal. Leonardo Matsunaga Yamaguti e Mauro Lobo tombaram em combate contra narcotraficantes em pleno leito do Rio Solimões. Sabemos que o momento é de muita dor e pesar, porém não podemos deixar de manifestar esperança que este episódio trágico e doloroso, embora dispensável para tal fim, possa desencadear um processo de mudanças no modo como se encara a segurança pública do nosso país. Que estes verdadeiros mártires da Polícia Federal sejam homenageados naqueles que ficarão e seguirão lutando todos os dias de suas vidas contra criminosos. Que a homenagem não seja tão somente afixar suas fotos na chamada GALERIA DE HERÓIS. Que esposas e filhos não sejam atormentados mais do que já estão com a burocracia que, em tragédias semelhantes, torturou familiares ao deixá-los em dificuldades à falta dos rendimentos de pais, esposos ou filhos, que em vida lhes proviam o sustento. Que possamos um dia ver nossa polícia federal, que tanto amamos e  cujo distintivo defendemos com ardor, recompensar àqueles que um dia deixaram as casas de seus pais e o aconchego de seus lares para defenderem o cidadão.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

SINPEFPB homenageia Deputado federal Luiz Couto.


O Sindicato dos Policiais Federais da Paraíba vem desenvolvendo intenso trabalho junto aos candidatos ao Congresso Nacional. O objetivo é angariar apoio às propostas da Fenapef aprovadas no XIV CONAPEF de criação do cargo de Oficial de Polícia Federal, com a unificação dos atuais cargos de agentes, escrivães e papiloscopistas.

Dentro desta proposta, o SINPEF/PB, participou de um jantar de adesão em homenagem ao deputado federal Luiz Couto (PT-PB), na noite de terça-feira, 28. O presidente da entidade, Silvio Reis Santiago, o vice-presidente, Tércio Fagundes Caldas e alguns sindicalizados participaram do evento. O presidente entregou uma placa de agradecimento pelos serviços prestados à categoria, à Polícia Federal, e a Nação Brasileira, com a defesa intransigente da valorização dos policiais federais e da criação do cargo de Oficial de Polícia Federal.

Participaram também da mesma homenagem, médicos, servidores do IBAMA, da AGU, do INSS e da UFPB.





Fonte: Agência Fenapef com SINPEF-PB

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A carreira que não é carreira


Por Jones Leal


A Carreira Policial Federal é uma farsa. Um engodo. Um faz de conta que, pelo andar da carruagem da fantasia, trilhará ainda por muitos anos pelo longo caminho da ilusão.

Sou um Agente de Polícia Federal de 2ª classe, tendo atuado permanentemente combatendo criminosos, fazendo grandes apreensões de drogas, confrontando com bandidos e prendendo poderosos. Antigamente, no início da minha carreira, imaginava quão gratificante seria usar o uniforme ostensivo da PF, participar das grandes prisões que a mídia noticiava e, ainda, ser bem remunerado.

Olhando para o futuro, prevejo que daqui a dez anos, serei um Agente de Polícia Federal da classe Especial. Enquanto não chego lá, fico pensando em quantas investigações terei que fazer, quantas batalhas terei que enfrentar e quantas terei que ganhar. A atividade do profissional da segurança pública é assim mesmo: muita luta muito trabalho, muitas dificuldades, muito stress... Mas o lado bom desta profissão é que a cada dia que passa você acumula mais experiência, que servirá para colocar em prática na próxima missão.

Esta semana tive uma surpresa! Fiquei sabendo que o meu sobrinho está fazendo cursinho pré-vestibular. Quer fazer o curso de Direito. Que orgulho para quem o carregou no colo, o colocou nos ombros na tenra infância e o ensinou a dar o primeiro chute na bola que o presenteei! Ele sempre manifestou a vontade de seguir a carreira do tio. Fiquei feliz.

O tempo passa rápido. Faço as contas e me assusto. Meu sobrinho fará um ano de pré-vestibular, depois mais cinco anos de faculdade. Sairá o edital para o concurso da Polícia Federal, ele estará fazendo um curso preparatório e decidirá seguir a carreira de Delegado de Polícia Federal.

Após estudar e se aprofundar nas matérias específicas do concurso, ele conseguirá aprovação no exame e deixará toda a família orgulhosa do seu esforço. Será então chamado pela Academia Nacional de Polícia para o curso de formação.

A essa altura, estou me preparando para passar para a Classe Especial e terei uma grande surpresa quando certo dia entrar na minha sala de trabalho: O MEU SOBRINHO SERÁ O MEU CHEFE! É ele quem comandará as minhas ações, as atividades investigatórias do meu cotidiano policial.

Num momento em que as diversas categorias discutem a Lei Orgânica da Polícia Federal, fica a impressão de que há uma cegueira consentida entre elas.

Analisando o mercado de trabalho na atual conjuntura brasileira e mundial, fica patente a vontade das empresas em buscar profissionais cada vez mais qualificados, que tenham experiência para preencher uma vaga oferecida. Contudo, o que se vê muito claramente, é que as coisas no Departamento de Polícia Federal caminham no rumo inverso da sensatez e da normalidade.

Os que não possuem experiência alguma ganham espaço e dizem que são treinados para comandar os experientes servidores. Uma empresa séria, que busca o crescimento e o reconhecimento no mercado, nunca colocaria um estagiário em um cargo de diretoria. Com certeza, procuraria uma pessoa qualificada e com experiência, não só profissional, mas de vida também.

Tenho ouvido muitas asneiras nestes últimos tempos. Coisa hilária. Alguns - ditos "concurseiros" - que vieram passar um tempo na Polícia Federal, dizem que todos têm inveja dos “chefes” e que os Agentes, Escrivães, Papiloscopistas (e até os Peritos!) deveriam fazer o concurso para “chegar ao seu patamar”. Isto é ridículo! O que pesa aqui não é o cargo, nem as atribuições, das quais eles tanto se orgulham. O fato de estarem em uma determinada função, não tira em nada o mérito e a experiência dos Agentes, Escrivães e Papiloscopistas. Competência é uma característica de quem sabe trabalhar bem, e não é um simples bacharelado e uma prova objetiva de um concurso que vai dizer se ele é ou não capaz de comandar uma operação policial.

A classe “operária policial” que muitos assim classificam, não está buscando usurpar cargos ou funções. Está sim procurando mostrar que em determinados setores da Polícia Federal, quem deveria estar à frente é o policial que reúne mais condições de conhecimento, mais experiência e mais vivência profissional.

No FBI, a toda poderosa Polícia Federal americana, a qual muitos organismos policiais em todo mundo buscam espelhar-se, não coloca um policial novo à frente de um caso. Os policiais que ingressam nesse tão respeitado organismo vão ao longo dos anos e com o seu labor, buscando o tão sonhado posto de Agente Especial, o que apesar da nomenclatura, nada tem a ver com a realidade da Polícia Federal brasileira.

Com relação ao Brasil, a Polícia Federal tem trilhado a passos largos na contramão do caminho do bom senso. Não é de hoje que os especialistas em Segurança Pública sugerem mudanças no aproveitamento inteligente dos profissionais com larga experiência policial, apostando na coleta de melhores resultados para a instituição.

Internamente, contudo, o assunto é tratado como "cláusula pétrea" das leis e regulamentos, visando a beneficiar aqueles concurseiros que veem na Polícia Federal apenas uma forma de garantir emprego e um bom salário.

O tempo está passando e cada vez mais tem sido comum a identificação de erros operacionais causados pela inexperiência na condução dos trabalhos, que se não conseguiram colocar por terra o trabalho de equipe, por certo impediram a obtenção de resultados mais satisfatórios.

É hora, pois, de respeitar a experiência dos policiais, valorizando-os e dando-se-lhes postos de chefia e de comando, antes que o Departamento de Polícia Federal naufrague em suas próprias águas.


Jones Borges Leal é Presidente do SINDIPOL-DF

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

1- Presentes ao XIV CONAPEF, realizado em Brasília de 14 a 16 de setembro, senadora Marina Silva e Juiz Federal Odilon Oliveira. Na abertura A candidata a presidência da república defendeu o ciclo completo de polícia e a valorização dos policiais. O magistrado elogiou os policiais federais e criticou duramente a corrupção no país.

2- No seu pronunciamento Marcos Vinício Wink, presidente da FENAPEF, entidade promotora do evento, reafirmou disposição dos policiais em lutar pela carreira policial. "A Constituição diz que a polícia federal é organizada em carreira e não em carreiras", disse.

3- "A Força Nacional está militarizando a segurança e usurpando funções dos policiais federais", alertou Wink.

4- Detentor do que pode-se dizer um fã clube na PF, o juiz federal Odilon Oliveira, falando no 14º  Congresso dos Policiais Federais, lamentou disse que o respeito à vida esteja desaparecendo. "O ser humano está perdendo a capacidade de convivência com outras pessoas", disse. O magistrado também criticou a corrupção no país. "Se o país conseguisse estancar a corrupção durante 1 ano somente com dinheiro resultante daria para construir mais de 20 mil postos de saúde", frisou.

5- Odilon Oliveira ressaltou que desde 2003 a PF faz um trabalho magnífico no combate à corrupção no país. O juiz disse que seu gabinete está aberto aos federais e sublinhou que na corporação ninguém é melhor que ninguém. "Nem delegado é melhor, nem agente é melhor o que interessa é a qualidade do trabalho realizado".

6- PF precisa a voltar a atuar na fronteira para inibir o tráfico. Segundo Juiz Odilon Oliveira, do jeito que está não pode ficar. O sistema penal brasileiro está falido. Segundo ele a súmula 11 que trata das algemas serve para proteger a elite brasileira. No encerramento da palestra magistrado é ovacionado por policiais e demais presentes.

7- “Crime é conduta humana, não jurídica”, disparou o agente da Polícia Federal e Coordenador Geral de Ações de Integração da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Robson Robin da Silva, que se dirigiu aos presentes discorrendo sobre a Carreira Policial. Silva afirmou que temos modelo deformado de polícia e frisou que o direito não é ferramenta de investigação.

8- Em cerca de 30 minutos o agente federal fez um apanhado sobre o modelo de polícia no país em comparação com órgãos de outros países como a BKA na Alemanha. Ele criticou a formação dada na Academia de Polícia, que na sua visão não privilegia a formação em segurança pública. Na Polícia Federal há 27 anos, o policial destaca que a categoria precisa rever fundamentos para consolidar a carreira policial. “Temos que nos legitimar pelo conhecimento”, frisou.







sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O retorno à idade das trevas

Crime de opinião


A Federação Nacional dos Policiais Federais, o Sindicato dos Policias Federais em Santa Catarina e demais sindicatos filiados vêm a público repudiar a punição imposta ao agente de Polícia Federal Ramenon de Oliveira Freitas, lotado na Delegacia da PF em Joinvile (SC). O delegado-chefe da unidade considerou o colega culpado por ter, em entrevista a uma emissora de televisão, criticado o inquérito policial.

Em pleno século XXI, é de se estranhar que a Polícia Federal imponha a seus servidores punições por delito de opinião. Há mais de 20 anos, policiais federais e suas entidades representativas debatem o IPL. Recente trabalho, elaborado por pesquisadores da UFRJ e de outras universidades, em parceria com a Fenapef, publicado no livro "O inquérito policial no Brasil: uma pesquisa empírica", comprovou na teoria o que os policiais já sabiam na prática: as delegacias foram burocratizadas e o inquérito policial não é eficaz.

Através da portaria 008/2010, publicada em boletim interno de serviço, o Chefe da DPF entendeu que a conduta do policial configurou transgressões disciplinares. Na entrevista, o policial afirmou, entre outras coisas, que a investigação policial é realizada por agentes, e que, muitas vezes, o delegado não participa da investigação, fazendo apenas um “control C, control V” no inquérito.

A crítica feita pelo colega deve ter ferido o ego daquele delegado, que afastou da função, por oito dias, um policial com bons serviços prestados à administração

 Num tempo em que dirigentes da PF dizem estar planejando a Polícia Federal do futuro,  onde a meritocracia será o passaporte para promoção funcional, a atitude do delegado-chefe da PF em Joinvile é uma espécie de retorno à idade das trevas, quando quem pensava diferente ia para a fogueira dos poderosos. Ou no período mais recente, de triste memória, nos anos de chumbo da ditadura militar no Brasil, quando a censura era institucionalizada, inclusive pela PF.

O Sindicato dos Policiais Federais de Santa Catarina – SINPOFESC, como é de costume,  já está tomando todas as medidas necessárias para reverter mais essa barbárie dos "doutos" do DPF.

De sua parte,  a Fenapef e seus sindicatos estão à total disposição do colega de Santa Catarina ou de qualquer outro que seja alvo de arbitrariedades de dirigentes de plantão e não medirão esforços para denunciar as perseguições feitas no âmbito da PF.
Fonte: Agência Fenapef

EM DEFESA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO


A Federação Nacional dos Policiais Federais reproduz e se associa a nota de apoio e solidariedade ao diretor de comunicações adjunto do Sindicato dos Policiais Federais da Paraíba Francisco Leodécio Neves.

Francisco é vítima de um processo administrativo disciplinar para apurar possíveis transgressões disciplinares atribuídas ao policial. O crime de Francisco? Ter feito um artigo publicado na página de relacionamento do SINPEF/PB com o título: “MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO BRASILEIRO”. No texto o policial demonstra, cabalmente, que o famigerado INQUÉRITO POLICIAL não serve para nada, a não ser para gastar dinheiro do nosso contribuinte com um amontoado de papel, carimbos e despachos inúteis, que ao final não leva a nada.

Além de publicar a nota de apoio e solidariedade do Sindicato, a Fenapef irá, por meio dos colegas do SINPEF-PB acompanhar cada passo deste PAD absurdo.

NOTA DE APOIO E SOLIDARIEDADE

J. Pessoa-PB, em 09.08.2010.

O Sindicato dos Policiais Federais no Estado da Paraíba – SINPEF/PB vem através da presente nota, prestar todo apoio e solidariedade ao nosso sindicalizado e diretor de comunicações adjunto deste sindicato FRANCISCO LEODÉCIO NEVES, em virtude de ter sido instaurado um processo administrativo disciplinar para apurar possíveis transgressões disciplinares atribuídas ao nosso filiado.

Este PAD foi instaurado por causa da matéria publicada na página de relacionamento deste SINPEF/PB intitulada: “MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO BRASILEIRO”, de autoria do nosso filiado, onde demonstra, cabalmente, que o famigerado INQUÉRITO POLICIAL não serve para nada, a não ser para gastar dinheiro do nosso contribuinte com um amontoado de papel, carimbos e despachos inúteis, que ao final não leva a nada, já que a maioria das denúncias formuladas pelo Ministério Público com base nos malfadados IPL´S são arquivados ou as pessoas denunciadas são absolvidas, conforme pesquisa empírica realizada pelo Professor Doutor MICHEL MISSE, da UFRJ, no seu livro intitulado “INQUÉRITO POLICIAL UMA PESQUISA EMPÍRICA”.

Vale registrar que de uma forma injustificável o e-mail sobre a referida matéria foi interceptado e inserido pela Administração do DPF no PAD, sem autorização dos seus autores, de forma ilegal e em total discordância do artigo 5º, inciso XII, da CF, que assim prevê: “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.

Outra arbitrariedade repudiada por esta Diretoria Executiva diz respeito à atitude tomada pelo PCF RUI CEZAR ALVES, Secretário da Comissão de Disciplina, que apura os fatos aqui narrados, que, talvez, por falta de experiência, competência ou de coleguismo, ter no dia 07.08.2010, em pleno SÁBADO, ter se deslocado até a residência do nosso filiado FRANCISCO LEODÉCIO NEVES, para intimá-lo, não se concretizando tal feito em virtude do mesmo encontrar-se viajando a serviço do DPF, o que trouxe sérios constrangimentos aos seus familiares.

Não aceitamos que em pleno século XXI, numa democracia plena vivida em nosso País e num governo do Partido dos Trabalhadores – PT, que arbitrariedades da Administração do DPF venham novamente acontecer, querendo relembrar o período negro da ditadura militar, já que a nossa Constituição Republicana de 1988 assegura em seu artigo 5ª, inciso IV a livre manifestação de pensamento, como também o artigo 19, da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, de 1948, assim preceitua: “Art. 19: “Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de pensamento, sem interferência; ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras”.

Diante dessa situação autoritária e arbitrária a Diretoria Executiva deste SINPEF/PB, além de prestar toda solidariedade ao nosso filiado e diretor adjunto FRANCISCO LEODÉCIO NEVES e aos seus familiares, já colocou à disposição do mesmo a Assessoria Jurídica para prestar toda assistência jurídica e adotar às medidas judiciais cabíveis, como também para ratificar, integralmente, a matéria de sua autoria, e ainda para dizer que o nosso método de investigação brasileiro, através do descartável Inquérito Policial, encontra-se falido e quem está perdendo com isso é a sociedade e o povo brasileiro.

DIRETORIA EXECUTIVA DO SINPEF/PB

quarta-feira, 28 de julho de 2010

A polícia genérica de Serra e dos delegados

O candidato do PSDB à Presidência da República vem anunciando a intenção de criar uma polícia de fronteiras e o ministério da Segurança Pública. Façamos um exercício de memória, para analisar os oito anos em que fomos “atucanados” (atucanar: de a + tucano... dar bicadas em...) e para projetar essa polícia a que José Serra e, seguramente, muitos delegados federais aspiram.

A Polícia Federal, com todo prestígio que gozava perante a sociedade brasileira, na era FHC entrou em processo de empobrecimento e chegou à beira da falência.

Diárias eram pagas com atraso de oito meses e policiais custeavam as operações com recursos próprios. Postos de combustíveis não mais abasteciam viaturas, devido ao acúmulo de dívidas. Eram frequentes as ameaças de suspensão dos serviços de energia elétrica, de abastecimento de água e de telefonia, além de ações de despejo, por falta de pagamentos de aluguéis das sedes de algumas unidades.

A malfadada proposta de estado mínimo, por óbvio, desestruturou o aparato governamental de controle. Refiro-me à Polícia Federal porque vivi, como servidor, aquele estado de coisas. Seguramente, instituições como Receita Federal, Previdência Social, Ministério do Trabalho, dentre outras, também foram sucateadas pela política adotada pelo “tucanato”.

Além do desmonte das instituições, a autoestima dos servidores também foi atingida. Durante os mesmos oito anos, a maioria das carreiras de servidores públicos federais não teve qualquer reajustamento salarial, provocando uma verdadeira debandada de milhares de funcionários.

A quem interessava tudo isso? Por óbvio, àqueles que se apropriaram do dinheiro público, formando quadrilhas especializadas e abrindo caminho para suas atividades criminosas. A reação do Estado era quase nula, em decorrência do marasmo que nos foi imposto e que dominava os órgãos públicos.

Como seria essa polícia de fronteiras de Serra? Provavelmente, chefiada por delegados juristas, com efetivo reduzido, prédios precários, escassez de viaturas e equipamentos, remuneração ridícula dos policiais, armas ultrapassadas, formação e treinamento de duvidosa qualidade, pois capacitação exige investimentos elevados.

Seria montada mais uma máquina administrativa, com diretorias, corregedoria, academia, acarretando uma série de custos. E despesa e investimentos são coisas que ele não fará. Com isso, surgiria mais um paquiderme, com a marca da ineficiência e possível foco de corrupção.

Vale relembrar um preocupante indicador, divulgado há poucos dias pela imprensa: na capital paulista, 95% dos crimes ficam impunes. O percentual não deve ser muito diferente no interior do Estado. A culpa é da polícia? Certamente não. É o lamentável resultado das políticas de segurança pública do ex-governador e de seus antecessores - também tucanos - na principal e mais rica unidade da federação.

Não é de hoje que as fronteiras brasileiras estão abandonadas. A PF, que tem atribuição constitucional de exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras, não o faz como deveria. Drogas e armas de alto poder ofensivo vêm sendo despejadas em nosso território.

Tudo isso motiva a sociedade, governadores e autoridades de segurança pública de vários estados a cobrarem ações efetivas da Polícia Federal. Por sua vez, atendendo a interesses corporativos de delegados, a estrutura da PF mantém-se enfronhada e engessada em cartórios, numa tentativa de se consolidar, cada vez mais, como uma polícia exclusivamente judiciária.

O discurso de reduzir a PF a uma máquina de produzir e tocar inquéritos policiais é, sim, projeto da “república dos delegados”. Nesse sentido, não restam dúvidas de que alguns dos atuais mandatários da Polícia Federal estão atuando nos bastidores da montagem do plano de governo de Serra, no que tange à segurança pública.

É tudo que o delegado da PF quer. Uma repartição cartorializada, o status e tratamento dispensado aos membros da Magistratura e do Ministério Público. Ao seu dispor, escrivães, secretários, agentes da autoridade, papéis etc, transformando-nos na “polícia civil da União”.

Fiquemos atentos: o projeto de lei orgânica da Polícia Federal, que tramita no Congresso Nacional, haverá de ser o condutor das soluções para esses problemas.

Nossa proposta é simples: o cumprimento de dispositivos constitucionais. Visa, sobretudo, oferecer propostas e soluções satisfatórias para a prevenção e repressão aos muitos crimes e criminosos que cruzam nossas fronteiras, como o tráfico de drogas, que tem atingido de forma avassaladora as áreas urbanas e rurais de nosso País.

Deixar vingar o projeto de uma Polícia Federal, feito pelos e para os delegados, assim como permitir prosperar essa ideia esdrúxula do candidato Serra, soa como ofensa aos policiais federais e como desrespeito à inteligência da sociedade brasileira.

Marcos Vinício de Souza Wink é presidente da FENAPEF

Fonte: Agência Fenapef

sábado, 19 de junho de 2010

ALOPRADOS 2

    Quem apostou em escândalo tipo aloprados 2 ao botar no circuito delegado de polícia federal aposentado quis levar opinião pública a pensar que o coletivo de Delegados aposentados da PF abriga experientes violadores clandestinos da vida alheia, o que conferiria garantia de êxito na operação.
    Ocorre que Delegados de Polícia Federal, mesmo na ativa, não têm poder de, legalmente, promover interceptações de nenhuma natureza. Tampouco Agentes de campo o podem fazer.
    Se este tipo de convite, na hipótese de haver de fato ocorrido, não foi uma ação isolada é razão para estado de alerta da sociedade em relação ao perigo que ronda garantias constitucionais do cidadão.
Está em jogo o nome da polícia Federal e se faz necessária alguma iniciativa por parte de dirigentes da instituição no sentido de esclarecer os fatos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Deputado Federal Luis Couto-PT/PB defende PF mais forte e eficiente.

O deputado Federal Luiz Couto – PT/PB, visitou o SINPEFPB neste 12/04/2010 e na ocasião empenhou sua disposição de parlamentar e profundo conhecedor da problemática da segurança pública, em apoiar e buscar o apoio da base governista e do próprio Governo Federal às emendas legislativas ao Projeto de Lei Orgânica da Polícia Federal, e na reformulação da Comissão Especial e Temporária da Câmara Federal, instalada para analisar o referido Projeto.

LEGISLANDO EM CAUSA PRÓPRIA

O curioso é que 18 membros compõem a Comissão, sendo que mais da metade é formada pela bancada dos deputados Federais que também são delegados de polícia.
O deputado Luiz Couto afirmou que com esta composição ficaria difícil a realização de um trabalho legislativo que tenha como resultado uma lei que valorize as funções da Polícia Federal.

INTERESSES CORPORATIVOS X POLÍCIA INEFICAZ

A composição está permeada de interesses corporativos dos delegados de polícia e pode criar uma situação casuística onde estará ocorrendo legislação em causa própria, em tema tão importante quanto delicado que é a lei de organização e funcionamento da Polícia Federal. Luis Couto ressaltou que atual modelo de polícia brasileira, que já se mostrou ineficiente e ineficaz.

MEMORIAL

As propostas de emendas da Federação Nacional dos Policiais Federais – FENAPEF apresentadas na Câmara dos Deputados, de iniciativa do deputado Federal Paulo Rocha do PT/SP, foram entregues ao deputado Luiz Couto PT/PB, com um Memorial produzido pelo Sindicato dos Policiais Federais do Estado da Paraíba, com todo um arcabouço histórico e legislativo da Polícia Federal e da doutrina constitucional, para as discussões daquela Casa Legislativa.

VALORIZAÇÃO DE ATRIBUIÇÕES CONSTITUCIONAIS

Os policiais federais defendem um Projeto de Lei Orgânica, com uma maior valorização das atribuições constitucionais da Polícia Federal nas funções de polícia administrativa da União, que é focada na presença ostensiva e preventiva da Polícia Federal, em suas áreas de atuação, notadamente nas fronteiras secas e marítimas e na prevenção do tráfico de entorpecentes e drogas afins, ao contrabando, pirataria, crime ambiental e todos de competência da União e que vem sendo preteridas e até mesmo abandonadas pelos sucessivos dirigentes da Polícia Federal, que valorizam, apenas, as funções de polícia judiciária da União, que visa à repressão do crime após sua realização.

Ao final da visita o deputado Federal Luiz Couto, reafirmou sua disposição para como membro da Comissão que analisará o Projeto, apoiar as Emendas ao Projeto e numa nova composição mais eqüitativa da mesma, bem como a indicação do Partido dos Trabalhadores para a relatoria do Projeto de Lei Orgânica da Polícia Federal.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Polêmica na Twittosfera Policial

"Boca de Sabão" revela como recebe denúncias de corrupção na PM

Ele tem apenas 1.600 seguidores no microblog Twitter, mas suas palavras ecoam com força pelos bastidores da sociedade. No site de buscas Google, é mais procurado do que o Batalhão de Operações Especiais (Bope), famoso em todo o país depois do filme “Tropa de Elite”. Na verdade, ele é mais de uma pessoa. Há nove meses, quatro oficiais da Polícia Militar, com o apoio de outros dez colegas de corporação, se juntaram para formar o Boca de Sabão, perfil anônimo que se notabilizou por denunciar, pelo Twitter, casos de corrupção que inundam as vísceras da PM.

Recentemente, o trabalho do Boca de Sabão foi elogiado pelo presidente da Associação dos Ativos, Inativos e Pensionistas da Polícia Militar (Assinap), Miguel Cordeiro:

— Jamais apoiamos o anonimato, mas o Boca de Sabão tem que se servir dessa estratégia para não ser punido por um regulamento disciplinar arcaico. No meio militar, a liberdade de expressão ainda causa espanto.

Segundo um de seus integrantes, o Boca de Sabão não é um instrumento político nem de promoção de algum grupo.

— Estamos aqui para denunciar e fazer pressão para que o comando da PM melhore sua relação com a tropa, se interesse pela miséria de salário que os policiais recebem e fique sabendo o que os comandantes nomeados fazem quando têm o poder nas mãos.

Mas, afinal, por que Boca de Sabão? O nome, explica o twitteiro, é uma gíria que significa fofoqueiro, no jargão policial.

— Ou seja, a proposta é botar a boca no trombone sobre tudo que soubermos de errado — diz um dos integrantes do grupo.

As denúncias começaram a ser postadas no microblog em março de 2009, e logo chamaram a atenção da corporação e de quem se interessa pelo assunto.

— Na época, nosso foco eram os desmandos do coronel Antônio Carlos Suarez David, ex-chefe do Estado Maior da PM, que vivia em um imóvel da corporação e ainda recebia o auxílio-moradia — dispara o policial, que não mede palavras se o assunto é corrupção.

Confira o bate-papo sem censura com o www.twitter.com/bocadesabao:

EXTRA: Por que vocês criaram o Boca de Sabão?
BOCA DE SABÃO: A corrupção na PM é bem peculiar. Tem a corrupção do policial contra o cidadão, nas ruas, aquele dinheiro que algum PM tira do viciado, da pessoa que comete infração de trânsito. E tem a corrupção do PM contra o próprio PM, dentro dos quartéis, normalmente, feita dos superiores contra os subordinados.

EXTRA: Como ocorre essa corrupção?
BOCA DE SABÃO: Em alguns batalhões, o policial precisa pagar para tirar férias, para não ser escalado em serviço extra, para obter autorização para ir ao hospital. Essa corrupção interna é maliciosa, difícil de ser combatida e ocorre pelas mãos de oficiais. Como a tropa iria se defender de seus superiores? Foi aqui que entramos. A corrupção “para dentro” é a origem de todo o sistema corrupto.

EXTRA: Quantas pessoas formam o Boca de Sabão?
BOCA DE SABÃO: São dez pessoas, mas apenas quatro possuem a senha. Fora desse núcleo, temos uma rede de colaboradores que não nos conhecem pessoalmente, mas se credenciaram como informantes. Precisamos deles para checar as informações que recebemos. Nós as conhecemos, mas eles nem imaginam quem somos.

EXTRA: De onde vocês acessam o Twitter?
BOCA DE SABÃO: Usamos redes públicas, ou seja, lan houses e laptops em redes wi-fi de shoppings.

EXTRA: O e-mail denunciasproboca@gmail.com recebe quantas mensagens por dia?
BOCA DE SABÃO: Cerca de 15, das quais aproveitamos três ou quatro.

EXTRA: Qual a unidade mais denunciada?
BOCA DE SABÃO: É o 2º BPM (Botafogo). A principal reclamação é o nosso prato principal: oficiais extorquindo praças. Há uma guerra interna nessa unidade, onde, recentemente, um oficial que apreendia máquinas caça-níqueis foi transferido para um setor burocrático.

EXTRA: Já receberam alguma denúncia sobre alguém do alto escalão da corporação ou da Secretaria de Segurança?
BOCA DE SABÃO: Não. Acreditamos que a cúpula seja equivocada, não corrupta.

Fonte: extra.globo.com